já pus o ovo
agora chega
olhei por ele
esquentei-o
amamentei-o
depois de descascado
agora nada mais faço
deixo voar o que me saiu das entranhas
dói-me ainda a última tripa
uma dor
de prazer
uma corda de fímbria
carne
carácter e ideia
que me liga eternamente
à sua própria menstruação
construi um simples telhado
para acoitar as suas asas
nas grandes tempestades
nunca apeio o escudo
olho pelos buracos
o que pode apoquentar o seu pulso
tenho a garganta que acolhe a sua voz
e um ouvido que fala
uns olhos que fitam além de mim
vendo evoluir o jovem pássaro
pus o ovo
guardo ainda as cascas que armazenam o crédito
do acto natural
o amor do pedreiro e da poedeira
ferool
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