na vida só quero branco

não quero cores
que o branco
do cabelo às unhas dos pés

não quero peitos
que alvos
outeiros ou montes nevados

não quero iras
que brancas
trajadas de sorrisos calmos

não quero choros
que águas
claras como a cor de véus

como as nuvens dos anjos
que guiam cavalos níveos
na estrada que leva ao ar

cão que me deita no fim

enovelado nas gotas da manhã
um olhar sereno de mim
que atravessa a via láctea
e regressa ao núcleo claro

não quero idear
que puro
deixar que o rio me tome
num sono que quero dócil
como a fútil ave da paz

não quero morrer em cor
o poente será a saudade
duma vida branca de aço

a mostra de carne morta
e os ossos branco de sal
ao lado da estátua de cal

na morte só quero preto

ferool

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