risos morenos

por vezes rias da tua mente moura
e os teus olhos desciam para as raízes
como o sardão procura o calor
nas pedras que difundem

um azeite tão puro como o galho
que agita o teu berço

no meato das oliveiras e dos terços
as nuvens descarregam
saliva por entre as palavras
que sobe aos castanheiros
para te acariciar as narinas
de homem bicho
de mulher saltatriz

rias das brincadeiras dos duendes
que alijavam figos maduros de mais
no teu peito de cortesã
no teu bojo de corsário

rias das noites madrigais
cansada até ao arrepio
desfeito até ao rubor
as saias fraldas de cais
as calças ampliadas de esturro
sentados no coradouro

rias do aventureiro assobio
de sons de água e ouro
da morena com tranças de ais
do moço com pele de couro

rias das rias e dos rios
dos mares que já nem sabias
dos rijos pés
dos verdes mamilos

rias dum rei já morto
e do príncipe que eras

rias da morte da mãe

conterrânea

sem saber porque rias
princesa dum além moreno

moçárabe que rias dum velho tempo

que já nem sabias
a idade

ferool

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